terça-feira, 17 de maio de 2011

E nas linhas daquele roteiro...

O diretor Juan Zapata é a voz onisciente do roteiro, narra a história que ele próprio escreveu. Roberto Birindelli na voz de Pedro...Simone Telecchi na voz e sentimentos de Simone. Estamos em uma das locações, na casa de Pedro, em torno de uma mesa redonda onde os três lêem a parte do roteiro do filme SIMONE que condiz com a história do casal Pedro e Simone. Nesta leitura é ignorado qualquer outro personagem, o importante é pensar a linha dramática destes dois personagens. 

Tomamos uma cachaça colombiana bem suave e mais alguns destilados para esquentar o corpo. Valentina também está presente no ensaio. Cena após cena e diretor e atores dialogam o tempo todo sobre a construção do que estado 'emocional' de cada momento. Uma construção coletiva e concreta. No entanto, o roteiro não foi organizado como solicitou o diretor, ou seja, cenas não estavam de acordo com uma ordem cronológica como o ideal. Juan Zapata desapontado admite que algumas coisas não devem ser delegadas. O ensaio tem que parar pela metade seria inconveniente continuar a leitura sem um roteiro organizado.  Aliás, seria pouco produtivo.


Marcamos uma nova leitura para o sábado, agora sim, com o roteiro todo em ordem, visto, revisto e re-escrito por Juan ZApata que passará mais uma noite sem durmir! Ainda serão muitas!! Mas quem disse que fazer cinema é barbada!!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nas tardes inquietantes...

É difícil olhar de fora com uma perspectiva mais crítica, quando se está completamente imerso num processo, especialmente no de SIMONE que é algo tão visceral. Minha intenção desde o começo nesta página era justamente propor este olhar crítico sobre a produção de um filme independente, talvez como algo mais abrangente que nosso próprio trabalho.

Mas vejam caros leitores, essa é minha primeira postagem desde que começamos este diário. Minha primeira postagem tratando dos desencontros que também acontecem aqui na sala da Zapata Filmes. Afinal, expor nossas fragilidades não é nada fácil, demanda coragem e como disse anteriormente o mínimo de afastamento do processo. O que para mim já é impossível, pois me considero parte desta história, assim como todos os envolvidos na equipe. SIMONE é um trabalho diferenciado, não tenho duvido, e isso não só pela temática, por ser baseado numa história real, mas por que essencialmente depende desse envolvimento íntegro e sensível da equipe.

Ontem Juan Zapata estava mais inquieto que todos os dias. Andou mais pela sala, ouviu músicas e cantou sem comprometimento. Acompanhei sua inquietude ao longe. Paola, também estava inquieta, por alguns momentos falou baixinho alguns de seus medos. Eu também ando inquieta, mas falo pouco, observo mais e tento me concentrar em um possível sexto sentido que mantém a convicção de que tudo vai dar certo. Mas, é tempo de inseguranças por aqui, estamos há duas semanas de gravação do roteiro SIMONE. E temos que admitir ainda existem indefinições. Nada de anormal, convenhamos. Mas sim, ainda existem indefinições e isso nos deixa inquietos!!

O que quero lhes dizer com isso é: nem tudo é perfeito por aqui. E há muitos riscos num fazer instintivo e apaixonado. Juan, por fim nos diz ontem no meio da tarde: da próxima vez que eu resolver fazer um filme sem orçamento, vocês em parem por favor!!!

Agora estamos aqui reunidos com Beto Bicasso, diretor de produção, seria ele a solução para nossas inquietudes?? talvez aí venham mais inquietantes perguntas...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A ARTE DO DESENCONTRO

Pensar na arte do encontro, certamente é mais apaziguador em um mundo com tantos desencontros. Aliás, dar mais atenção aos encontros e as escolhas que eles nos proporcionam acalenta a alma e nos motiva a sempre querer encontrar mais. No entanto, os desencontros também fazem parte de nossa trajetória, apontam caminhos, direções e quem sabe nos dêem mais razões para escrever longas e intensas histórias.

SIMONE se constrói pelo encontro, mas diria também que SIMONE se fortalece e agora começa a se concretizar pelos desencontros. Por desencontros entre Simone e Cris. Entre Simone e Juan Zapata. Entre Juan Zapata e as verdadeiras condições de realizar um filme de ficção com baixo orçamento. Entre as personagens que já fizeram parte, e que hoje não cabem mais com tanta intensidade na história. Ou seja, SIMONE depois de cinco anos em processo não poderia só contar com méritos, com acertos. Talvez o processo seja o lugar onde mais percebo os desencontros...E é sobre este processo e o desencontrar-se entre técnica, conceito e estética numa obra audiovisual que vou falar por aqui.